Devendo avançar já no início de 2022, surgiu por sugestão de João Gorjão Clara, quando era coordenador do Núcleo de Estudos de Geriatria (NEGERMI) da SPMI e conta com a colaboração de Pedro Madeira Marques, também membro do NEGERMI e responsável do último curso “Abordagem ao Idoso Institucionalizado” do Núcleo.
Haver um médico em cada ERPI é, assim, o objetivo da AMIDI, que vai representar os clínicos que trabalham nestas instituições. Para João Gorjão Clara, a ideia de se criar esta nova entidade surgiu da “necessidade emergente” da presença obrigatória de médicos em lares.
João Gorjão Clara
Nesse sentido, um dos principais objetivos da nova associação será a sensibilização do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social para a necessidade de se alterar a legislação atual, passando a ser obrigatório haver assistência médica em todos os lares. “De preferência, clínicos com competência em Geriatria, para que possam dar a resposta mais adequada às necessidades dos velhos.”
Para o especialista, há vários anos dedicado à Geriatria, é “totalmente intolerável que os mais de 125 mil idosos institucionalizados não tenham acesso aos cuidados de saúde a que têm direito”.
“Não estamos a exigir luxos, mas uma necessidade básica”
Da mesma opinião é Pedro Madeira Marques que, corroborando as palavras de João Gorjão Clara, relembrou que “muitas das situações clínicas que chegam às urgências hospitalares poderiam ser tratadas nas ERPI, caso se tivesse médicos assistentes, particularmente se tivessem conhecimentos em Geriatria”.
Como relembrou: “A maioria destes idosos têm multipatologia, são polimedicados, têm problemas funcionais, cognitivos, psicológicos e nutricionais complexos, precisando de apoio médico diário. Não basta ter um médico que prescreva medicamentos.”
Pedro Madeira Marques
Com legislação adequada, os médicos permanentes nas ERPI iriam também evitar os piores desfechos, por poderem dar um acompanhamento mais personalizado e adequado a algumas situações graves. “Veja-se o a fratura do colo do fémur: a mortalidade é de 30 a 50%, não por causa da fratura em si, mas das complicações daí decorrentes.”
Para Pedro Madeira Marques, a mudança da legislação não é mais que respeitar os direitos dos mais velhos. “Não estamos a exigir luxos, mas uma necessidade básica.”
A futura associação será também uma oportunidade para se reforçar a formação em Geriatria, direcionada às problemáticas particulares das ERPI, já que, como disse, é “escassa”, quer no pré-graduado como pós-graduado. “Portugal é o 3.º país do mundo mais envelhecido e nos próximos 60 anos não deverá haver mudanças significativas, por isso é preciso apostar na formação em Geriatria e na obrigatoriedade de assistência médica nas ERPI.”
A AMIDI procurará ainda, em articulação com outras entidades da área da saúde, redigir normas para uma “assistência de excelência” aos idosos institucionalizados.
Fonte: https://justnews.pt/